por Fada Verde
Não conseguir fugir da realidade significa um excesso de lucidez ou extrema loucura?
A resposta confirmaria minha tese poética-lunática, de que não só o excesso de lucidez leva a loucura como o excesso de loucura leva a lucidez.
Se minha realidade é na verdade uma ilusão, quando tento fugir dela, tento alcançar a realidade? Ou migro de ilusões em ilusões? Se as realidades são múltiplas a tentativa de alcançar a realidade única em que todos se enquadram seria uma farsa. Talvez todos vivam em suas respectivas ilusões, que criamos e recriamos. Se pertence a cada sujeito que a resolva viver, a realidade sim que é uma ilusão, a ilusão da ilusão. A ilusão é uma realidade. A realidade está fora ou dentro? do exterior ou do interior? O que faz pensar quantas realidades seriam possíveis. Infinitas. Nos casos que unem mais indivíduos, podemos denominar precisamente como o fenômeno do Delírio Coletivo.
Se produzimos a realidade ilusória, o que é loucura? Como são diversas as loucuras, digo, ilusões, realidades. A metafísica disso tudo é expressa pela loucura de Deus, o tal dançarino do qual falava Nietzsche, que nos criou a sua imagem e semelhança, como deuses de nossas próprias loucuras. Fato é que nelas podemos fazer o que quisermos dentro dos limites da loucura de Deus.
Dizem por ai, que o sóbrio é aquele que sabe distinguir a realidade da fantasia, mas o que dizer se somos máquinas de produzir fantasias? Certamente jamais será possível olhar um homem despido de seu imaginário. Ilusões sobrepostas numa translucidez aguda. Perceber que está iludido não significa que nos livramos da ilusão se ela é real. As ilusões/realidades se desdobram uma fora da outra. Se trancafiamos alguns de nós dentro das salas estofadas, é porque os condenamos pelo abuso da criatividade.
O excesso de lucidez, faz perceber a ilusão real, que se exacerbada leva a loucura originária. A loucura alucinatória se levada a extremos nos leva a realidade ilusória, que é a realidade possível.
“É grave doutor?!?”
terça-feira, 16 de dezembro de 2008
sexta-feira, 24 de outubro de 2008
Le Fórum Absurd
->-=+<-
discordianismo, hihicronedismo, qualquercoisaismo, cultura freak, etcétera...
:::
Altihihicronedianos Aanidi Nonadistas Delirantes Erisianos, uni-vos!
Filie-se ao P.I.P.A.! -> Partido Interestelar Parrachiano zenAnarco-Discordiano <-
:::
e Vote Sempre 2,3 para Deusa!
:::
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nonadismo
sexta-feira, 19 de setembro de 2008
Sociedade da Cacofonia
A Sociedade da Cacofonia é um Grupo de artistas e performers que começou a atuar em Los Angeles no meio dos anos 1990 e se espalhou por toda a costa oeste americana.
Segundo o site oficial, o objetivo da Sociedade Cacofônica é criar ruído cultural e provocar discórdia em sistemas harmônicos.
A organização se dedica à subversão cultural e ao Culture Jamming, como o Projeto Luther Blissett e a OM (Operação: Mindfuck).
Os cacofônicos já simularam falsos rituais satânicos e fabricaram evidências da presença alienígena na Terra, entre vários outros absurdos. Os discos voadores são uma grande preocupação da Sociedade Cacofônica, que tem um setor dedicado a forjar aparições e pousos UFOs.
Não se sabe o quanto os cacofônicos estão associados ao Discordianismo, embora partilhem com o grupo a idéia de subversão pelo Caos. Sabe-se, com certeza, que a Sociedade Cacofônica é uma das organizadoras da megarave Burning Man, que acontece anualmente no deserto de Nevada, EUA. E também que o escritor Chuck Palahniuk, autor do polêmico romance Clube da Luta (Nova Alexandria, 2000), é membro da organização. (Do livro Conspirações de Edson Aran, Geração Editorial).
fonte: Discordiapedia
Saiba mais:
cacophony.org
Artigo na "enciclopédia livre"
Sociedade Brasileira de Cacofonia
Sociedade da Cacofonia - Brasil
Acampamento CacoParrachiano - Rio de Janeiro
Provavelmente você já é um membro, e não sabe
Segundo o site oficial, o objetivo da Sociedade Cacofônica é criar ruído cultural e provocar discórdia em sistemas harmônicos.
A organização se dedica à subversão cultural e ao Culture Jamming, como o Projeto Luther Blissett e a OM (Operação: Mindfuck).
Os cacofônicos já simularam falsos rituais satânicos e fabricaram evidências da presença alienígena na Terra, entre vários outros absurdos. Os discos voadores são uma grande preocupação da Sociedade Cacofônica, que tem um setor dedicado a forjar aparições e pousos UFOs.
Não se sabe o quanto os cacofônicos estão associados ao Discordianismo, embora partilhem com o grupo a idéia de subversão pelo Caos. Sabe-se, com certeza, que a Sociedade Cacofônica é uma das organizadoras da megarave Burning Man, que acontece anualmente no deserto de Nevada, EUA. E também que o escritor Chuck Palahniuk, autor do polêmico romance Clube da Luta (Nova Alexandria, 2000), é membro da organização. (Do livro Conspirações de Edson Aran, Geração Editorial).
fonte: Discordiapedia
Saiba mais:
cacophony.org
Artigo na "enciclopédia livre"
Sociedade Brasileira de Cacofonia
Sociedade da Cacofonia - Brasil
Acampamento CacoParrachiano - Rio de Janeiro
Provavelmente você já é um membro, e não sabe
sexta-feira, 11 de abril de 2008
Eu sou a droga
por Elijah Mú Shion
"A beleza deve ser convulsiva ou não será beleza..."
Andre Breton, Nadja
"Acredite-me! O segredo de colher o mais frutífero e maior aproveitamento da vida é viver perigosamente!"
Nietzsche
"Existem períodos em que você tem que escolher entre ser humano e ter bom gosto."
Bertolt Brecht
"Você conhece o 11o Mandamento? Ele diz: 'Não deveis chatear a deus, ou ele destruirá vosso universo.'"
John Lilly
"Temos arte de forma a não morrermos através da verdade."
Friedrich Nietzsche
"Só a arte é útil. Crenças, exércitos, impérios, atitudes - tudo passa. Só a arte fica, por isso só a arte vê-se, porque dura."
Fernando Pessoa
Por uma peculiar espiral de pensamentos transitava o jovem Salvador Dali naquela manhã em que viu várias formigas carregando um gafanhoto morto. Este fato assustou sobremaneira o menino, por alguma razão inexplicável.
Um dia chegou em que Dali resolveu exorcizar o gafanhoto na tela e tornou-se um artista. O Gafanhoto ficou abalado pela sua exposição na mídia, afinal era um sujeito responsável e não queria ser retratado como ícone dos complexos freudianos que algum artista de terceira carregava. Humpf! Tinha que tomar alguma atitude.
"Infelizmente uma metáfora não pode processar ninguém." Afirmou Plínio, que não havia ainda se acostumado a viver em um conto surrealista. "Consulte as formigas e talvez possamos fazer alguma coisa."
As formigas não queriam ajudar. Elas se sentiram lisonjeadas pela própria interpretação que fizeram da obra de Dali: "Algumas de nós juntas representam um pensamento, como se cada uma de nós fosse uma célula nervosa. É lindo!"
"Blah!" disse o Gafanhoto, só então se dando conta da galinha que o devoraria. Olhou para a bocarra se aproximando e falou, rápido: "Mas eu sou famoso! Dali fez meu retrato!", ao que foi devorado. A galinha disse, com um certo ar de sapiência que fica obviamente deslocado nesta espécie de animal emplumado que não voa: "O gafanhoto está sempre errado ao argumentar com a galinha."
As formigas sacudiram a cabeça e voltaram à masturbação que chamavam "pensar".
.'.
Num desses universos paralelos ocorreu o encontro entre Janis Joplin, Jimi Hendrix e Jim Morrison. Eles passaram pelo mendigo, que berrou "Nuit! Hadit! Ra-Hoor-Khuit!" e se colocou a fazer um discurso perante os três, que acharam a "mó'curtição": "Meu nome é Anaximandros. Sou um alquimista. Me ouçam: o elixir da longa vida está sendo preparado. Estará disponível para todos em algum momento.
Não se apressem: A morte é o suave estalo do vinil que toca [nossos ancestrais gravavam som transformando as vibrações do ar em vibrações mecânicas registradas em uma ranhura contínua em um disco de plástico posteriormente esta ranhura era percorrida por uma agulha que com a ajuda de um sistema eletrônico de amplificação - nos modelos mais modernos -, retransformava a ranhura irregular em som; freqüentemente essas ranhuras eram interrompidas por microfissuras, que produziam estalos ao serem tocadas]. Em pouco tempo as mídias eletrônicas vão alterar a consciência da mesma forma que os psicodélicos. Ya know... a mudança de marcha das informações altera a rotação no motor da mente, all this shit... As pessoas vão ficar loucas no deserto, esperando um novo camelo... Então a urbe será um deserto... ahh... a loucura que a sociedade romana encontrou em seu declínio... burp, crouch, nhéc, nhéc, tsssssssssss... Depois reciclar. Em pouco tempo tudo isto em um dia. E então em uma hora. Veremos então a Besta da Revelação e todas as histórias da carochinha pela Internet, TV digital, o escambau. Vidas serão vividas em minutos do pensamento de uma pessoa em uma cidade grande. Países inteiros serão condenadas pelo caos decorrente... cuidado com as bolsas de valores... Em vinte três anos vocês serão chamados de Dinossauros! Programadores Cobol serão considerados tal qual camponeses medievais escrevendo em latim errado! Psicólogos estudarão porque certas pessoas não conseguem usar computadores! Ratos fluorescentes existirão! As próprias previsões do futuro serão ultrapassadas ainda neste século. A imortalidade virá num tempo confuso onde o poder vai ser muito fluido."
"Wow!" disse Janis, arrematando com um talagasso de Southern Confort. Jimi e Jim pegaram o cara e pagaram um café para ele. A noite foi legal, com muita Marijuana e poucas drogas pesadas. Foram ao "Scene", onde contaram muitas piadas e tocaram alguns Blues. Jim bebeu demais e capotou. O mendigo começou a cantar velhas canções irlandesas. Com o bom gosto de quem incorpora a língua de Joyce ao beber capotou também.
Algumas semanas depois os três tinham boas lembranças da noite que haviam passado com um mendigo alquimista. O olhar do mendigo foi lembrado no dia da morte de cada um [em uma outra realidade o mesmo mendigo entregaria um folheto "O FBI e a CIA assassinaram Jim Morrison, Jimi Hendrix e Janis Joplin" para um moleque chamado Roger; ele ainda hoje não sabe se isso foi um fnord ou não].
.'.
"Estes pequenos animaizinhos frenéticos parecem os pensamentos, estes sempre ávidos por soluções, aqueles por alimento. O gafanhoto, sempre errado ao argumentar com a galinha, é um complexo." Disse Gala, a Salvador Dali, que não aceitava interpretação, mas que se mantinha frio. Afinal ele era senhor de todos estes elementos pictóricos que manipulava. Ou achava que era. Esta luta representava a dimensão de seu gênio. Congelamos essa imagem em preto e branco e Camille Paglia adentra a cena, em cores:
"A paranóia é um elemento belo independentemente de ser mórbido. Ela representa o medo que temos de nos entregar para o que quer que rotulemos realidade. Como se pode perceber, é um elemento de aprisionamento erótico: medo por outro elogia. É o medo intelectual, ou o medo da castração.
Exorcizar a paranóia na tela deve ajudar muito o desempenho sexual. Tocar guitarra é o ápice da masturbação glorificada na arte. Toda arte tem elementos de masturbação e paranóia.
A crítica é a castração. Ela filtra os impulsos que não correspondem as expectativas. As exigências são a voz do mundo, o impulso é a libido. Por aqui se entende que se você quer diminuir realmente alguém, diminua seu impulso criativo, sexual e expontâneo. Uma pessoa castrada não exprime.
O segredo de Dali era saber balançar tão bem a arte e o significado - ou a falta proposital deste. Desta forma rotulou seu método de paranóia-crítica, que direcionava o jato da expressão arquetípica e apessoal do autor através da rede de uma psique individual. Ao ver um quadro Dali se percebe que não só a Arte, mas o Homem eram geniais e interessantes, coisa que se pode comprovar com uma foto qualquer de Dali.
Este é o desejo de qualquer artista: aparecer, seja através da obra ou da personalidade.
Dizem que Oscar Wilde era ainda mais espirituoso em suas conversas do que em seus livros. Ele utilizava o mecanismo que o incomodava, a moral, como um artista plástico usaria um pincel. Esta é uma das razões pelas quais percebemos ainda hoje suas tiradas: elas formam uma teia de pequenas neuroses e complexos referentes ao uso que se faz da moral. Elas ficam gritando pequenas incongruências a respeito da sociedade ao nosso ouvido [alguns chamariam de Fnords].
.'.
Não se assustem ao perceberem que o xamanismo trabalha também no lado inconsciente do trabalho artístico. Expressar a si mesmo é tarefa básica do artista, em todo caso xamã. Por isto tratar com a moral os aspectos do xamanismo é como limitar a arte ao conceito. A expressão deve estar acima do que o artista conscientemente quer, que dirá do que outro quer.
Isto é mais fácil em algumas artes do que em outras. Em alguns casos, como em livros, o xamã está restrito a carregar no mínimo alguns conceitos, quiçá teorias completas da criação do mundo. É peculiaridade do fato de escrever que criemos sons, palavras, idéias e mundos, mesmo na escrita mais abstrata.
Criticar o conceito de algum escritor é vão. Mas criticar a técnica exagerada de um músico talvez não seja, pois se tornou comum a castração da expressão em detrimento de uma técnica precisa necessária para algum compositor particular. Algumas músicas precisam de cultura musical para serem totalmente apreciadas, outras carecem de complexidade (sempre gerada por extrema paranóia do tipo obsessiva) mas carregam a complexidade do caos, talvez gerado pela expressão inconsciente.
Argumentar em sexo e arte é sempre errado, a Galinha sempre come o gafanhoto, roqueiros morrem de overdose e as causas e conseqüências na verdade sempre são caóticas. O artista supera um abismo quando sabe que sua obra é aceita. O sucesso depende apenas da energia sexual.
.'.
Mas no final tudo isto talvez não passe de crítica... ou paranóia. Quem dera todos fossemos como Oscar Wilde ou Dali, não? Imagino o que seria o Dali de um mundo onde todos fossem Dali...
"A beleza deve ser convulsiva ou não será beleza..."
Andre Breton, Nadja
"Acredite-me! O segredo de colher o mais frutífero e maior aproveitamento da vida é viver perigosamente!"
Nietzsche
"Existem períodos em que você tem que escolher entre ser humano e ter bom gosto."
Bertolt Brecht
"Você conhece o 11o Mandamento? Ele diz: 'Não deveis chatear a deus, ou ele destruirá vosso universo.'"
John Lilly
"Temos arte de forma a não morrermos através da verdade."
Friedrich Nietzsche
"Só a arte é útil. Crenças, exércitos, impérios, atitudes - tudo passa. Só a arte fica, por isso só a arte vê-se, porque dura."
Fernando Pessoa
Por uma peculiar espiral de pensamentos transitava o jovem Salvador Dali naquela manhã em que viu várias formigas carregando um gafanhoto morto. Este fato assustou sobremaneira o menino, por alguma razão inexplicável.
Um dia chegou em que Dali resolveu exorcizar o gafanhoto na tela e tornou-se um artista. O Gafanhoto ficou abalado pela sua exposição na mídia, afinal era um sujeito responsável e não queria ser retratado como ícone dos complexos freudianos que algum artista de terceira carregava. Humpf! Tinha que tomar alguma atitude.
"Infelizmente uma metáfora não pode processar ninguém." Afirmou Plínio, que não havia ainda se acostumado a viver em um conto surrealista. "Consulte as formigas e talvez possamos fazer alguma coisa."
As formigas não queriam ajudar. Elas se sentiram lisonjeadas pela própria interpretação que fizeram da obra de Dali: "Algumas de nós juntas representam um pensamento, como se cada uma de nós fosse uma célula nervosa. É lindo!"
"Blah!" disse o Gafanhoto, só então se dando conta da galinha que o devoraria. Olhou para a bocarra se aproximando e falou, rápido: "Mas eu sou famoso! Dali fez meu retrato!", ao que foi devorado. A galinha disse, com um certo ar de sapiência que fica obviamente deslocado nesta espécie de animal emplumado que não voa: "O gafanhoto está sempre errado ao argumentar com a galinha."
As formigas sacudiram a cabeça e voltaram à masturbação que chamavam "pensar".
.'.
Num desses universos paralelos ocorreu o encontro entre Janis Joplin, Jimi Hendrix e Jim Morrison. Eles passaram pelo mendigo, que berrou "Nuit! Hadit! Ra-Hoor-Khuit!" e se colocou a fazer um discurso perante os três, que acharam a "mó'curtição": "Meu nome é Anaximandros. Sou um alquimista. Me ouçam: o elixir da longa vida está sendo preparado. Estará disponível para todos em algum momento.
Não se apressem: A morte é o suave estalo do vinil que toca [nossos ancestrais gravavam som transformando as vibrações do ar em vibrações mecânicas registradas em uma ranhura contínua em um disco de plástico posteriormente esta ranhura era percorrida por uma agulha que com a ajuda de um sistema eletrônico de amplificação - nos modelos mais modernos -, retransformava a ranhura irregular em som; freqüentemente essas ranhuras eram interrompidas por microfissuras, que produziam estalos ao serem tocadas]. Em pouco tempo as mídias eletrônicas vão alterar a consciência da mesma forma que os psicodélicos. Ya know... a mudança de marcha das informações altera a rotação no motor da mente, all this shit... As pessoas vão ficar loucas no deserto, esperando um novo camelo... Então a urbe será um deserto... ahh... a loucura que a sociedade romana encontrou em seu declínio... burp, crouch, nhéc, nhéc, tsssssssssss... Depois reciclar. Em pouco tempo tudo isto em um dia. E então em uma hora. Veremos então a Besta da Revelação e todas as histórias da carochinha pela Internet, TV digital, o escambau. Vidas serão vividas em minutos do pensamento de uma pessoa em uma cidade grande. Países inteiros serão condenadas pelo caos decorrente... cuidado com as bolsas de valores... Em vinte três anos vocês serão chamados de Dinossauros! Programadores Cobol serão considerados tal qual camponeses medievais escrevendo em latim errado! Psicólogos estudarão porque certas pessoas não conseguem usar computadores! Ratos fluorescentes existirão! As próprias previsões do futuro serão ultrapassadas ainda neste século. A imortalidade virá num tempo confuso onde o poder vai ser muito fluido."
"Wow!" disse Janis, arrematando com um talagasso de Southern Confort. Jimi e Jim pegaram o cara e pagaram um café para ele. A noite foi legal, com muita Marijuana e poucas drogas pesadas. Foram ao "Scene", onde contaram muitas piadas e tocaram alguns Blues. Jim bebeu demais e capotou. O mendigo começou a cantar velhas canções irlandesas. Com o bom gosto de quem incorpora a língua de Joyce ao beber capotou também.
Algumas semanas depois os três tinham boas lembranças da noite que haviam passado com um mendigo alquimista. O olhar do mendigo foi lembrado no dia da morte de cada um [em uma outra realidade o mesmo mendigo entregaria um folheto "O FBI e a CIA assassinaram Jim Morrison, Jimi Hendrix e Janis Joplin" para um moleque chamado Roger; ele ainda hoje não sabe se isso foi um fnord ou não].
.'.
"Estes pequenos animaizinhos frenéticos parecem os pensamentos, estes sempre ávidos por soluções, aqueles por alimento. O gafanhoto, sempre errado ao argumentar com a galinha, é um complexo." Disse Gala, a Salvador Dali, que não aceitava interpretação, mas que se mantinha frio. Afinal ele era senhor de todos estes elementos pictóricos que manipulava. Ou achava que era. Esta luta representava a dimensão de seu gênio. Congelamos essa imagem em preto e branco e Camille Paglia adentra a cena, em cores:
"A paranóia é um elemento belo independentemente de ser mórbido. Ela representa o medo que temos de nos entregar para o que quer que rotulemos realidade. Como se pode perceber, é um elemento de aprisionamento erótico: medo por outro elogia. É o medo intelectual, ou o medo da castração.
Exorcizar a paranóia na tela deve ajudar muito o desempenho sexual. Tocar guitarra é o ápice da masturbação glorificada na arte. Toda arte tem elementos de masturbação e paranóia.
A crítica é a castração. Ela filtra os impulsos que não correspondem as expectativas. As exigências são a voz do mundo, o impulso é a libido. Por aqui se entende que se você quer diminuir realmente alguém, diminua seu impulso criativo, sexual e expontâneo. Uma pessoa castrada não exprime.
O segredo de Dali era saber balançar tão bem a arte e o significado - ou a falta proposital deste. Desta forma rotulou seu método de paranóia-crítica, que direcionava o jato da expressão arquetípica e apessoal do autor através da rede de uma psique individual. Ao ver um quadro Dali se percebe que não só a Arte, mas o Homem eram geniais e interessantes, coisa que se pode comprovar com uma foto qualquer de Dali.
Este é o desejo de qualquer artista: aparecer, seja através da obra ou da personalidade.
Dizem que Oscar Wilde era ainda mais espirituoso em suas conversas do que em seus livros. Ele utilizava o mecanismo que o incomodava, a moral, como um artista plástico usaria um pincel. Esta é uma das razões pelas quais percebemos ainda hoje suas tiradas: elas formam uma teia de pequenas neuroses e complexos referentes ao uso que se faz da moral. Elas ficam gritando pequenas incongruências a respeito da sociedade ao nosso ouvido [alguns chamariam de Fnords].
.'.
Não se assustem ao perceberem que o xamanismo trabalha também no lado inconsciente do trabalho artístico. Expressar a si mesmo é tarefa básica do artista, em todo caso xamã. Por isto tratar com a moral os aspectos do xamanismo é como limitar a arte ao conceito. A expressão deve estar acima do que o artista conscientemente quer, que dirá do que outro quer.
Isto é mais fácil em algumas artes do que em outras. Em alguns casos, como em livros, o xamã está restrito a carregar no mínimo alguns conceitos, quiçá teorias completas da criação do mundo. É peculiaridade do fato de escrever que criemos sons, palavras, idéias e mundos, mesmo na escrita mais abstrata.
Criticar o conceito de algum escritor é vão. Mas criticar a técnica exagerada de um músico talvez não seja, pois se tornou comum a castração da expressão em detrimento de uma técnica precisa necessária para algum compositor particular. Algumas músicas precisam de cultura musical para serem totalmente apreciadas, outras carecem de complexidade (sempre gerada por extrema paranóia do tipo obsessiva) mas carregam a complexidade do caos, talvez gerado pela expressão inconsciente.
Argumentar em sexo e arte é sempre errado, a Galinha sempre come o gafanhoto, roqueiros morrem de overdose e as causas e conseqüências na verdade sempre são caóticas. O artista supera um abismo quando sabe que sua obra é aceita. O sucesso depende apenas da energia sexual.
.'.
Mas no final tudo isto talvez não passe de crítica... ou paranóia. Quem dera todos fossemos como Oscar Wilde ou Dali, não? Imagino o que seria o Dali de um mundo onde todos fossem Dali...
Éris, a Concubina do Caos
por D. Rose Hartmann, traduzido por k-Ouranos 333
Éris é famosa por ter causado, indiretamente, a Guerra de Tróia. O mito conta que, tendo sido intencionalmente esquecida quando foram enviados os convites para o casamento de Peleus e Tétis (a discórdia não é muito bem-vinda durante votos de casamento), ela desobedeceu e arruinou a festa da mesma forma. Ressentida, ela rolou o famoso Pomo da Discórdia pelo salão de danças. O Pomo (Maçã), de acordo com a lenda, possuía a inscrição “Para a Mais Bela” e era desejada por Atenas, Afrodite e Hera. Já que apenas uma das três poderia ser *A* Mais Bela, Páris foi chamado para ser o juiz do primeiro concurso de beleza. Afrodite venceu, subornando-o com a mulher mais bonita do mundo, que por acaso era Helena de Tróia, “posse” (como eram as mulheres naqueles tempos bárbaros) de outro homem. Assim começou a Guerra de Tróia. Que o rolar-de-pomo de Éris, ao invés da luxúria e do desejo de Páris receba a culpa pela Guerra, me parece bastante injusto - um plano, provavelmente, para sujar o nome da concubina do Caos. Talvez seja adequado fazer uma analogia com a história de outra concubina Caótica, Eva. Na tradição Judaico-Cristã, foi Eva que destruiu abruptamente o Status Quo, a realidade, o Éden. Como Éris, Eva rebelou-se contra os deuses (Elohim é um plural) através de seu desejoso e confiante ato de desobediência. Ao comer a infame maçã, ela causou o exílio do Jardim de si mesma e de seu namorado Adão (a fúria dos deuses foi a causa direta do verdadeiro exílio). Fora do seguro, cultivado, harmonioso e estático para dentro do selvagem, mutante, perigoso e discordante. É interessante perceber que Maçãs têm um papel importante tanto na história de Éris quanto na de Eva. É apenas coincidência que uma maçã, quando cortada horizontalmente, revele uma estrela de cinco pontas ou pentáculo (tente por si mesmo) - um símbolo eternamente temido pelos sistemas patriarcais? Muitos teóricos enxergam o mito da Queda como representante da passagem evolutiva da humanidade para longe da inocência (fé cega, obediência e dependência) e em direção da experiência (consciência a habilidade de auto-reflexão, a vontade de mudar e criar mudança); assim interpretada, a “queda” foi um lance de muita sorte, um rito de passagem, uma oportunidade de nos tornarmos nós mesmos. E, mesmo que a Guerra nunca seja algo prazeroso, a batalha em Tróia foi o estopim de muitas mudanças e progressos (isso sem mencionar um fértil mar de arquétipos e mito do qual artistas e poetas do passado e do presente fazem uso em suas pescarias).
Éris como uma Preliminar da Mudança Mágica. Magia, obviamente, lida com a reorganização da realidade do mago. E muito embora a Guerra nunca seja algo prazeroso, a batalha de Tróia serviu de estopim para muitas mudanças e progresso (sem mencionar um fértil mar de arquétipos e mitos no qual muitos artistas e poetas do passado e do presente costumam pescar). Éris como uma Preliminar da Mudança Mágica. Magia, obviamente, lida com a reorganização da realidade do mago. Como magos, nossa meta é mudar a nós mesmos, nossas consciências e nossas circunstâncias de acordo com nossa vontade. Através da prática mágica e do ritual, intentamos cultivar o poder necessário para manifestar tal mudança. A maioria das práticas mágicas pressupõe um modelo simpático do planeta ou do universo - uma teia de vida, se você quiser. A idéia de que as energias podem ser manipuladas baseia-se no reconhecimento de que, em certa dimensão ou em um estado mais sensível de percepção, todas as coisas são interconectadas - a idéia paradoxal de que somos Um, ainda que Muitos. Na realidade-túnel de nosso estado “normal” de consciência acreditamos ser autônomos, individuais e desconectados do todo, ou incapazes de perceber certos níveis de existência. Mas quando escolhemos alterar nossa realidade através de ritual, sexo, drogas, privação sensorial, ou o que você desejar, a realidade “normal” deixa de existir. Acho que aqueles de nós que passam muito de seu tempo no mundo-cotidiano-normal se dão conta que a consciência “normal” frequentemente sabota o sucesso mágico, servindo como um muro para bloquear a realidade simpática enquando nos bombardeia com dúvida, interferência, pensamento reacionário e crítica. Como Peter Carrol afirma enfaticamente no Liber Null, “estados alterados de consciência são a chave para os poderes mágicos”. A realidade mágica também pressupõe a existência de uma fonte de poder livre-para-todos (que tem seu centro em todos os lugares e sua circunferência em lugar nenhum), variadamente chamada de Mundo Arquetípico, a força vital, Vácuo, Atman, Tao, Anima Mundi, Espírito, Caos, etc. É desta coisa que nasce a magia, a inspiração e a genialidade. É a corente que nos conecta à mente antiga, à Grande Memória, aos Arquivos Akáshicos, ou ao Tempo dos Sonhos Aborígenes, possuindo tanto o potencial do futuro quanto a apeçaria do passado. É a força que, através do amalgamar e da aplicação da vontade consciente, nos permite falar a língua de nossos ancestrais primais: animais, insetos, plantas, algas, pedras, rios e, ainda mais longe, as estrelas, e, talvez, nossos eus futuros. Este modelo interconectado do universo, ou teia de vida, não se limita mais às pessoas de inclinações místicas/mágicas, mas é também um modelo escolhido por muitos físicos modernos, já que parece funcionar de acordo com o sistema científico baseado no Princípio de Inseparabilidade Quântica. O Teorema de Bell propõe o conceito de não-localidade, que percebe que, a nível sub-atômico, cada partícula se conecta com todas as outras partículas. A idéia de que a informação pode ser capaz de “viajar” mais rápido que a luz, ou “informação sem transporte”, poderia certamente explicar os conceitos de sincronicidade, coincidência mágica e telepatia. O Dr. David Bohm especula que o universo não é apenas não-local, mas holográfico. Este modelo se encaixa perfeitamente na idéia ancestral de que o Homem/Mulher, juntamente com tudo que existe, é um microcosmo do todo, contendo toda a informação do todo - passado, presente e futuro. Só se precisa recorrer a ele. Quando o mago liga-se” à centelha do Caos interior, e comunica Seu querer através da aplicação da vontade concentrada, ele adquire o poder para influenciar seu ambiente externo.
A Magia emprega o ritual para invocar a mente arquetípica (que é simplesmente a arte de sintonizar-se nos sinais “cósmicos” que normalmente deixamos passar), e expor e tornar acessível nossa fonte de poder - a energia potencial do Caos. Entramos em um estado “não-local” , onde nossas definições de realidade, nossas máscaras de personalidade, caem temporariamente por terra. Quem cremos ser em dado momento é sempre ficção, pois somos outra coisa um tempo depois; ou como Yeats afirmou, não podemos distinguir “o dançarino da dança”. Quando o círculo protetor dos auto-conceitos se dissolve, entramos em transe mágico. Éris nos prepara misturando nossos programas, nos confundindo e nos transportando no espaço da Não-Forma, o colo do Caos: Assim, nos encontramos ao alcance do poder mágico. Vazios de definições anteriores e altamente impressionáveis, utilizamos quaisquer métodos ou rituais que escolhermos para mudar o canal para uma realidade mais de acordo com nossa vontade, ou criar uma completamente nova. Podemos nos reprogramar, nos vestindo com novos sistemas de crenças ou realidades tão criativamente ou tão seguidamente QUANTO QUISERMOS (do modo que vejo, quanto mais melhor). Ao nos entregarmos a uma prática de cruci-ficções mágicas, de des-identificação e redefinição de nossos egos e realidades comuns, nossa realidade “normal” transforma-se em uma realidade “mágica”, e logo reconhecemos que somos nada, tudo, e alguma coisa, simultaneamente, e que “nada é verdadeiro, tudo é permissível”. Um ritual formal realizado neste estado Livre-de-Conceitos tem uma alta taxa de sucesso, evocando ou invocando quaisquer espíritos, anjos, demônios, deuses ou deusas, na forma e estilo que você esperar, e como você quiser. Ligado na fonte de seu poder - o Tanque Cósmico de Potencial - você pode desejar empregar sua vontade concentrada e sua imaginação, utilizando assim esta força para “carregar” seus instrumentos mágicos, talismãs e amuletos, ou para projetar seu desejo no Útero da Cornucópia do Universo. A vontade mágica é muito eficaz quando aplicada na dimensão do potencial (Caos), ainda mais, eu acho, do que quando aplicada aos mais densos planos astral ou físico, onde pode ser refratada por vontades opostas ou sabotada por nossos próprios processos mentais reacionários. Sua magia vai funcionar, então esteja certo de que você quer o que você tem vontade. Também ajuda ter algum símbolo de seu desejo à mão para se concentrar ou verbalizar, de modo que você não precise recuperar a consciência “normal” para lembrar o propósito de seu ritual. Um sigilo, palavra de poder ou imagem funciona bem.
Como se deve invocar Éris? Muitas e divertidas são as Maneiras. Há milhares de modos de invocar Éris. Você pode se devotar à meditação sobre a carta da Torre, ou, melhor ainda, desenhar ou pintar a sua própria. Ajuda sair de sua cabeça, onde existem todos seus programas, assim como as reações potenciais a seus programas atuais e futuros. Esqueça a mente; concentre-se em seu corpo. Antes de praticar rituais, feitiços ou outro trabalho mágico, prepare a você e a seu espaço quebrando a realidade “normal”. Dance um enlouquecido balé Erisiano, girando como um dervixe louco até que você não saiba mais que lado é qual, plante bananeira por uma hora, entregue-se à prática sexual prolongada ou tantra (é talvez a forma mais simples e mais prazerosa de alterar a consciência), ou transe com uma pessoa comum em circunstâncias incomuns. Lance-se em um estado emocional extremo (terror, devoção ou fúria) batuque até tornar-se a batida, entregue seu ouvido à música dissonante, ou olhe para uma pintura cubista até entendê-la. Prenda sua respiração ou tente técnicas de Kriya Yoga. Ria apenas pelo riso e nada mais. Fale bobagens ou pratique diálogos socráticos consigo mesmo. Se você invocar Éris em sua vida diária, ela tirará o tédio de tarefas mundanas e aumentará enormemente a velocidade de sua passagem à uma realidade múltipla e mágica. Uma boa maneira de começar e quebrar velhos hábitos e substituí-los por novos, então quebrar os novos e substituí-los, e assim por diante. Ou caminhar de forma diferente, falar com estranhos, agir “fora de si” (diga a seus amigos que você está fazendo uma expeeeriência), use roupas que não são do seu estilo, explore novas maneiras de trabalhar, coma comida exótica, coma no chão, coma com ferramentas, escreva com a mão que você não escreve normalmente, tente acreditar em idéias que você abomina (temporariamente), transe com alguém que não é seu “tipo”. Questione suas crenças sobre o mundo, suas idéias de si mesmo, seus objetivos e desejos: Seja brutalmente “honesto” consigo mesmo e implore a seus amigos para que façam o mesmo. Descubra onde você está e o porquê; você pode explorar sua “alma” com mais eficiência do que qualquer terapeuta. O que é importante é que você 1) reconheça as fundações, pisos e paredes de sua realidade “normal; e 2) dedique-se a demoli-las e construir novas. Para viver em uma realidade “mágica”, você deve trocar de canal, sem parar. Enquanto nos tornamos mágicos, as sincronicidades se tornam ocorrências comuns e os desejos costumam se realizar com tanta freqüência que o indivíduo começa a evitar desejar coisas sem cuidado. As coisas simplesmente se encaixam. Assim, nossa magia não se restringe mais ao tempo que reservamos especificamente para tais práticas; ao invés disso, nós nos tornamos magias. Éris, como a concubina do caos, ajuda nos oferecendo a des-orientação e a des-ilusão necessárias, de forma que possamos nos livrar mais facilmente das cascas que separam nossa centelha essencial, em toda sua antiga e maravilhosa luminosidade, de todo o resto do universo. E assim, nós nos damos conta de que “O Mundo é um Palco” e “Cada Homem e Cada Mulher é uma Estrela”. A Magia vive em tudo; você só precisa entrar em contato com suas próprias fontes. VOCÊ É MAGIA!
Éris é famosa por ter causado, indiretamente, a Guerra de Tróia. O mito conta que, tendo sido intencionalmente esquecida quando foram enviados os convites para o casamento de Peleus e Tétis (a discórdia não é muito bem-vinda durante votos de casamento), ela desobedeceu e arruinou a festa da mesma forma. Ressentida, ela rolou o famoso Pomo da Discórdia pelo salão de danças. O Pomo (Maçã), de acordo com a lenda, possuía a inscrição “Para a Mais Bela” e era desejada por Atenas, Afrodite e Hera. Já que apenas uma das três poderia ser *A* Mais Bela, Páris foi chamado para ser o juiz do primeiro concurso de beleza. Afrodite venceu, subornando-o com a mulher mais bonita do mundo, que por acaso era Helena de Tróia, “posse” (como eram as mulheres naqueles tempos bárbaros) de outro homem. Assim começou a Guerra de Tróia. Que o rolar-de-pomo de Éris, ao invés da luxúria e do desejo de Páris receba a culpa pela Guerra, me parece bastante injusto - um plano, provavelmente, para sujar o nome da concubina do Caos. Talvez seja adequado fazer uma analogia com a história de outra concubina Caótica, Eva. Na tradição Judaico-Cristã, foi Eva que destruiu abruptamente o Status Quo, a realidade, o Éden. Como Éris, Eva rebelou-se contra os deuses (Elohim é um plural) através de seu desejoso e confiante ato de desobediência. Ao comer a infame maçã, ela causou o exílio do Jardim de si mesma e de seu namorado Adão (a fúria dos deuses foi a causa direta do verdadeiro exílio). Fora do seguro, cultivado, harmonioso e estático para dentro do selvagem, mutante, perigoso e discordante. É interessante perceber que Maçãs têm um papel importante tanto na história de Éris quanto na de Eva. É apenas coincidência que uma maçã, quando cortada horizontalmente, revele uma estrela de cinco pontas ou pentáculo (tente por si mesmo) - um símbolo eternamente temido pelos sistemas patriarcais? Muitos teóricos enxergam o mito da Queda como representante da passagem evolutiva da humanidade para longe da inocência (fé cega, obediência e dependência) e em direção da experiência (consciência a habilidade de auto-reflexão, a vontade de mudar e criar mudança); assim interpretada, a “queda” foi um lance de muita sorte, um rito de passagem, uma oportunidade de nos tornarmos nós mesmos. E, mesmo que a Guerra nunca seja algo prazeroso, a batalha em Tróia foi o estopim de muitas mudanças e progressos (isso sem mencionar um fértil mar de arquétipos e mito do qual artistas e poetas do passado e do presente fazem uso em suas pescarias).
Éris como uma Preliminar da Mudança Mágica. Magia, obviamente, lida com a reorganização da realidade do mago. E muito embora a Guerra nunca seja algo prazeroso, a batalha de Tróia serviu de estopim para muitas mudanças e progresso (sem mencionar um fértil mar de arquétipos e mitos no qual muitos artistas e poetas do passado e do presente costumam pescar). Éris como uma Preliminar da Mudança Mágica. Magia, obviamente, lida com a reorganização da realidade do mago. Como magos, nossa meta é mudar a nós mesmos, nossas consciências e nossas circunstâncias de acordo com nossa vontade. Através da prática mágica e do ritual, intentamos cultivar o poder necessário para manifestar tal mudança. A maioria das práticas mágicas pressupõe um modelo simpático do planeta ou do universo - uma teia de vida, se você quiser. A idéia de que as energias podem ser manipuladas baseia-se no reconhecimento de que, em certa dimensão ou em um estado mais sensível de percepção, todas as coisas são interconectadas - a idéia paradoxal de que somos Um, ainda que Muitos. Na realidade-túnel de nosso estado “normal” de consciência acreditamos ser autônomos, individuais e desconectados do todo, ou incapazes de perceber certos níveis de existência. Mas quando escolhemos alterar nossa realidade através de ritual, sexo, drogas, privação sensorial, ou o que você desejar, a realidade “normal” deixa de existir. Acho que aqueles de nós que passam muito de seu tempo no mundo-cotidiano-normal se dão conta que a consciência “normal” frequentemente sabota o sucesso mágico, servindo como um muro para bloquear a realidade simpática enquando nos bombardeia com dúvida, interferência, pensamento reacionário e crítica. Como Peter Carrol afirma enfaticamente no Liber Null, “estados alterados de consciência são a chave para os poderes mágicos”. A realidade mágica também pressupõe a existência de uma fonte de poder livre-para-todos (que tem seu centro em todos os lugares e sua circunferência em lugar nenhum), variadamente chamada de Mundo Arquetípico, a força vital, Vácuo, Atman, Tao, Anima Mundi, Espírito, Caos, etc. É desta coisa que nasce a magia, a inspiração e a genialidade. É a corente que nos conecta à mente antiga, à Grande Memória, aos Arquivos Akáshicos, ou ao Tempo dos Sonhos Aborígenes, possuindo tanto o potencial do futuro quanto a apeçaria do passado. É a força que, através do amalgamar e da aplicação da vontade consciente, nos permite falar a língua de nossos ancestrais primais: animais, insetos, plantas, algas, pedras, rios e, ainda mais longe, as estrelas, e, talvez, nossos eus futuros. Este modelo interconectado do universo, ou teia de vida, não se limita mais às pessoas de inclinações místicas/mágicas, mas é também um modelo escolhido por muitos físicos modernos, já que parece funcionar de acordo com o sistema científico baseado no Princípio de Inseparabilidade Quântica. O Teorema de Bell propõe o conceito de não-localidade, que percebe que, a nível sub-atômico, cada partícula se conecta com todas as outras partículas. A idéia de que a informação pode ser capaz de “viajar” mais rápido que a luz, ou “informação sem transporte”, poderia certamente explicar os conceitos de sincronicidade, coincidência mágica e telepatia. O Dr. David Bohm especula que o universo não é apenas não-local, mas holográfico. Este modelo se encaixa perfeitamente na idéia ancestral de que o Homem/Mulher, juntamente com tudo que existe, é um microcosmo do todo, contendo toda a informação do todo - passado, presente e futuro. Só se precisa recorrer a ele. Quando o mago liga-se” à centelha do Caos interior, e comunica Seu querer através da aplicação da vontade concentrada, ele adquire o poder para influenciar seu ambiente externo.
A Magia emprega o ritual para invocar a mente arquetípica (que é simplesmente a arte de sintonizar-se nos sinais “cósmicos” que normalmente deixamos passar), e expor e tornar acessível nossa fonte de poder - a energia potencial do Caos. Entramos em um estado “não-local” , onde nossas definições de realidade, nossas máscaras de personalidade, caem temporariamente por terra. Quem cremos ser em dado momento é sempre ficção, pois somos outra coisa um tempo depois; ou como Yeats afirmou, não podemos distinguir “o dançarino da dança”. Quando o círculo protetor dos auto-conceitos se dissolve, entramos em transe mágico. Éris nos prepara misturando nossos programas, nos confundindo e nos transportando no espaço da Não-Forma, o colo do Caos: Assim, nos encontramos ao alcance do poder mágico. Vazios de definições anteriores e altamente impressionáveis, utilizamos quaisquer métodos ou rituais que escolhermos para mudar o canal para uma realidade mais de acordo com nossa vontade, ou criar uma completamente nova. Podemos nos reprogramar, nos vestindo com novos sistemas de crenças ou realidades tão criativamente ou tão seguidamente QUANTO QUISERMOS (do modo que vejo, quanto mais melhor). Ao nos entregarmos a uma prática de cruci-ficções mágicas, de des-identificação e redefinição de nossos egos e realidades comuns, nossa realidade “normal” transforma-se em uma realidade “mágica”, e logo reconhecemos que somos nada, tudo, e alguma coisa, simultaneamente, e que “nada é verdadeiro, tudo é permissível”. Um ritual formal realizado neste estado Livre-de-Conceitos tem uma alta taxa de sucesso, evocando ou invocando quaisquer espíritos, anjos, demônios, deuses ou deusas, na forma e estilo que você esperar, e como você quiser. Ligado na fonte de seu poder - o Tanque Cósmico de Potencial - você pode desejar empregar sua vontade concentrada e sua imaginação, utilizando assim esta força para “carregar” seus instrumentos mágicos, talismãs e amuletos, ou para projetar seu desejo no Útero da Cornucópia do Universo. A vontade mágica é muito eficaz quando aplicada na dimensão do potencial (Caos), ainda mais, eu acho, do que quando aplicada aos mais densos planos astral ou físico, onde pode ser refratada por vontades opostas ou sabotada por nossos próprios processos mentais reacionários. Sua magia vai funcionar, então esteja certo de que você quer o que você tem vontade. Também ajuda ter algum símbolo de seu desejo à mão para se concentrar ou verbalizar, de modo que você não precise recuperar a consciência “normal” para lembrar o propósito de seu ritual. Um sigilo, palavra de poder ou imagem funciona bem.
Como se deve invocar Éris? Muitas e divertidas são as Maneiras. Há milhares de modos de invocar Éris. Você pode se devotar à meditação sobre a carta da Torre, ou, melhor ainda, desenhar ou pintar a sua própria. Ajuda sair de sua cabeça, onde existem todos seus programas, assim como as reações potenciais a seus programas atuais e futuros. Esqueça a mente; concentre-se em seu corpo. Antes de praticar rituais, feitiços ou outro trabalho mágico, prepare a você e a seu espaço quebrando a realidade “normal”. Dance um enlouquecido balé Erisiano, girando como um dervixe louco até que você não saiba mais que lado é qual, plante bananeira por uma hora, entregue-se à prática sexual prolongada ou tantra (é talvez a forma mais simples e mais prazerosa de alterar a consciência), ou transe com uma pessoa comum em circunstâncias incomuns. Lance-se em um estado emocional extremo (terror, devoção ou fúria) batuque até tornar-se a batida, entregue seu ouvido à música dissonante, ou olhe para uma pintura cubista até entendê-la. Prenda sua respiração ou tente técnicas de Kriya Yoga. Ria apenas pelo riso e nada mais. Fale bobagens ou pratique diálogos socráticos consigo mesmo. Se você invocar Éris em sua vida diária, ela tirará o tédio de tarefas mundanas e aumentará enormemente a velocidade de sua passagem à uma realidade múltipla e mágica. Uma boa maneira de começar e quebrar velhos hábitos e substituí-los por novos, então quebrar os novos e substituí-los, e assim por diante. Ou caminhar de forma diferente, falar com estranhos, agir “fora de si” (diga a seus amigos que você está fazendo uma expeeeriência), use roupas que não são do seu estilo, explore novas maneiras de trabalhar, coma comida exótica, coma no chão, coma com ferramentas, escreva com a mão que você não escreve normalmente, tente acreditar em idéias que você abomina (temporariamente), transe com alguém que não é seu “tipo”. Questione suas crenças sobre o mundo, suas idéias de si mesmo, seus objetivos e desejos: Seja brutalmente “honesto” consigo mesmo e implore a seus amigos para que façam o mesmo. Descubra onde você está e o porquê; você pode explorar sua “alma” com mais eficiência do que qualquer terapeuta. O que é importante é que você 1) reconheça as fundações, pisos e paredes de sua realidade “normal; e 2) dedique-se a demoli-las e construir novas. Para viver em uma realidade “mágica”, você deve trocar de canal, sem parar. Enquanto nos tornamos mágicos, as sincronicidades se tornam ocorrências comuns e os desejos costumam se realizar com tanta freqüência que o indivíduo começa a evitar desejar coisas sem cuidado. As coisas simplesmente se encaixam. Assim, nossa magia não se restringe mais ao tempo que reservamos especificamente para tais práticas; ao invés disso, nós nos tornamos magias. Éris, como a concubina do caos, ajuda nos oferecendo a des-orientação e a des-ilusão necessárias, de forma que possamos nos livrar mais facilmente das cascas que separam nossa centelha essencial, em toda sua antiga e maravilhosa luminosidade, de todo o resto do universo. E assim, nós nos damos conta de que “O Mundo é um Palco” e “Cada Homem e Cada Mulher é uma Estrela”. A Magia vive em tudo; você só precisa entrar em contato com suas próprias fontes. VOCÊ É MAGIA!
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quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008
Discórdia Brasilis - Número 1
Essa revista é como um espelho. Quando um macaco olha para dentro, nenhum apóstolo olha para fora.
As edições saem quando os textos aparecem. Mais ou menos uma edição a cada cinco anos. Ou não
Essa é a primeira edição, e quase todos os textos são de um antigo livro apócrifo, que foi perdido em um incêndio perpretado por ELES e recentemente restaurado através de técnicas hihicroned, também chamado “Discórdia Brasilis”, feito para manifestar o discordianismo brasileiro.
Faça o download aqui
Mande sua contribuição para uma hipotética segunda edição (textos, imagens, reportagens, manifestos, cartas de amor) para o email timoteop@gmail.com
As edições saem quando os textos aparecem. Mais ou menos uma edição a cada cinco anos. Ou não
Essa é a primeira edição, e quase todos os textos são de um antigo livro apócrifo, que foi perdido em um incêndio perpretado por ELES e recentemente restaurado através de técnicas hihicroned, também chamado “Discórdia Brasilis”, feito para manifestar o discordianismo brasileiro.
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sábado, 2 de fevereiro de 2008
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